O sopro da vida (de um cachorrinho muito louco)

Aloísio Junior
4 min readNov 3, 2020

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Nunca fomos e nunca estaremos prontos para lidar com a morte, seja de um ente querido ou de um bichinho de estimação que tanto amamos. A vida é um sopro e, quando você menos espera, ele acaba. Neste último dia 2 de novembro de 2020, juntamente com minha namorada, tivemos a infelicidade de ter que sacrificar nosso cãozinho, o Bob. Bichinho pequeno, levado, que raramente latia… e viveu apenas 5 meses, sendo 4 junto com a gente.

Engraçado como esses pequenos seres mexem com nosso emocional. Em um primeiro momento, conviver com ele em sua fase de adaptação no novo lar, longe de sua mamãe, ter os chorinhos durante o dia e noite não foram fáceis (embora minha namorada tenha sofrido mais que eu, já que ele ficava na casa dela hahahaha), mas logo isso tudo parou. Ele começou a querer brincar e correr, mesmo que desconfiado de tudo e todos. Era o cachorrinho que vinha no portão quando eu chegava com o carro na casa dela, que fugia de qualquer barulho mais alto, que se aconchegava no braço quando deitávamos.

Infelizmente para ele a vida não foi nem longa ou fácil. Depois de pular do colo da minha namorada, cair de cabeça no chão, foi quando tudo começou a ficar “estranho”. Ali ele teve sua primeira convulsão. Infelizmente o primeiro local que levamos nosso Bob tratou tudo com tanto descaso (nós e o pequeno) a ponto nem tiraram a coleira dele para o raio-X. Dali ele teve uma leve melhora. A história recomeçou quando ele voltou do pet shop após uma sessão de banho. Ele reclamava de dor e chorava. Achamos que houve alguma confusão e acabaram machucando orelhinha dele com água, mas no fim, não era.

Nesta procura de tentar entender, por recomendação acabamos indo na Clinipop (unidade Cascavel) e lá tivemos o melhor atendimento possível que uma pessoa poderia querer. Nos sentimos em casa. Sempre recebidos com um sorriso, carinho, atenção, uma boa conversa e um tratamento sensacional com nosso cãozinho. Registro aqui nossa admiração para com a clínica, principalmente com os doutores Pedro e Karine, seres humanos incríveis e com enorme empatia, que acompanharam todo o caso! Deus abençoe e continue capacitando vocês em sua profissão.

Para nosso pequeno, os diagnósticos mudaram muito no último mês, tendo sua primeira internação na clínica no dia 5 de outubro. Suspeitou-se de várias coisas como meningite bacteriana, otite bacteriana, cinomose e, no fim, constatou-se ser uma anomalia craniana que, conforme o Bob ia crescendo, seu cérebro e cerebelo iam sendo comprimidos, algo parecido com uma hidrocefalia. Por conta da compressão no cerebelo, algumas funções vitais do pequeno, como enxergar direito, reconhecer as pessoas ou o local que está, foram comprometidas.

Neste último domingo, dia 1 de novembro, após uma tentativa de banho nele, o pequeno começou a chorar como nunca tinha feito antes. Até brincamos que ele aprendeu a chorar e começou a fazer manha para não tomar banho, porém não parou. O choro virou latido, que virou uivo e alternava entre estes 3. Ligamos para o plantão da Clinipop e pediram para levarmos ele lá o mais breve possível. Dirigir com os uivos e latidos dele não foi fácil. Eram tão altos, ardidos e cheios de sofrimento que me desconcentrou da pista. Ali ele foi sedado, e tomou remédios intravenosos para ver se acalmava.

Aparentemente ele passou a noite e a manhã do dia seguinte tranquilo, mas no decorrer do dia, suas funções estavam tão comprometidas que nenhum remédio mais segurava sua dor. Por volta das 19h00 recebemos a ligação que não queríamos receber: já não havia mais nada que poderia ser feito e, a menos pior das soluções era sacrificar. Entramos no carro minha namorada, sogra e cunhada, seguimos até a clínica para passar juntamente com o pequeno Bob seus últimos instantes de vida, mesmo que inconsciente do que estava acontecendo. Definitivamente não foi um dos momentos mais agradáveis que presenciei, mas pelo menos agora tenho a certeza de que o nosso pequeno louquinho não está mais sofrendo.

Foram apenas 4 meses com o Bob, mas foram 4 meses de muita alegria e diversão. Meses que sentimos o amor incondicional de um cachorrinho que não era apenas um cachorro, mas foi o meu cachorro. Juntamente com minha namorada aproveitamos cada instante junto dele, que foi o nosso “bebê”. As fotos e os vídeos engraçadinhos estão aqui para nos ajudar a lembrar de como ele era!

Você vai fazer falta, carinha.

Olá! Eu o Aloísio Júnior. Tenho 27 anos, sou Cristão e professor de Inglês. Formado em Letras Português/Inglês pelo Centro Unviersitário Assis Gurgacz (Cascavel/PR) e pós-graduado em Língua Inglesa: Estudos Linguísticos, Literários e Culturais pela mesma instituição.

Escrevo para os blogs Construindo Uma Memória e sua versão em inglês, o Building A Memory, aonde compartilho reflexões sobre músicas, que são como “memórias” para mim, além de indicações de álbuns e playlists temáticas. Você pode acompanhar o as postagens destes blogs pelo Telegram e pelo Instagram.

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Written by Aloísio Junior

Cristão, casado, Consultor Pedagógico e professor de Inglês. 31.

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