Ciclos da Vida

A vida tem um jeito muito curioso de nos tratar. Lembro das aulas de ciências, ainda no Ensino Fundamental, em que todo ser vivo tem o seu ciclo: nascer, crescer, reproduzir e morrer. Simplório, talvez, mas não se resume somente a isto, até porque temos os entremeios que são diferentes para cada uma das pessoas.

Hoje minha avó Terezinha estaria completando seus 94 anos. No último dia 13, deste mês mesmo, ela veio a descansar depois de uma vida muito bem vivida. Finalmente encontrou paz no Lar Celestial, se encontrou com o Salvador e Redentor, e pôde se reencontrar com o “Zué”, forma carinhosa como ela chamava meu vô.

Lembro de tantas vezes na casa deles ouvindo histórias, rindo, comendo, brincando… às vezes até mesmo com medo do vô por conta da bagunça feita pelos netos em sua famosa salinha de ferramentas. Mas dentre tudo isso, um ponto sempre se ouvia da boca dos dois: o ciclo da vida é nascer, crescer, casar, ter filhos, plantar uma árvore, escrever um livro e morrer.

Ela conseguiu fazer tudo isso! Casou-se em 12 de agosto de 1952, primeira filha em 30 de maio de 1953, primeiro neto em 17 de novembro de 1981, primeira bisneta em 30 de março de 2009, e lançamento oficial do seu livro (depois de muitas apostilas) em 8 de setembro de 2018. Só ficarei devendo a data da primeira árvore.

Foi uma vida de muitos aprendizados e muitos ensinamentos. Muitas histórias que ouvi e vi! Uma pessoa que viveu sua vida ao máximo e sempre passou o melhor exemplo que alguém poderia passar: amor. E não é qualquer tipo de amor, mas sim aquele que perdoa, embora faça a correção necessária, e sorri novamente para ela. O tipo de amor que Cristo ensinou, o sacrificial, que pede mudança de atitude, mas que se entrega. Presenciei algumas atitudes de desrespeito com ela que me tiraram do sério, onde quis agredir fisicamente uma pessoa; ela simplesmente sorriu, perdoou e ensinou.

Ela também foi uma pessoa de muita oração e leitura bíblica, não à toa essa relação refletiu no nome do seu livro: “Bíblia — O Livro Extraordinário”. Até havia uma brincadeira entre a família que ela tinha uma conexão direta com Deus. Esse seu amor por Deus era refletido em sua vida diária, tanto era que não conheço e nunca ouvi falar de uma pessoa que não tenha se encantado por ela ou tenha desejado seu mal. E as que ouvi que desejaram seu mal, não muito depois mudaram de pensamento.

Essa sim é uma mulher que fez diferença na vida de qualquer um que teve a mínima chance de conviver com ela. Eu, como neto, fui muito agraciado pelo tempo que vivi junto dela, seja pelas visitas, pelo pouco tempo que morei em sua casa, ou até mesmo pelas ligações em vídeo intermediadas pela minha mãe.

Vó Terezinha, eu sei que você não lerá esse texto, mesmo sabendo que você sempre amou ler (inclusive em seus últimos dias), e teve uma biblioteca de dar inveja, mas deixo aqui registrado meu eterno agradecimento pela pessoa que você foi. Pela serva de Cristo, mulher, esposa, mãe, avó e bisavó! Também grande amiga e cúmplice de um dinheiro escondido para comprar uns docinhos. Amo você!