A palavra “não”

Aloísio Junior
3 min readMar 31, 2020

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“A palavra que eu gosto mais é não. Chega sempre um momento na nossa vida em que é necessário dizer não. O não é a única coisa efetivamente transformadora.”

José Saramago

Um dos meus aplicativos favoritos da atualidade é o Telegram. Além de ter a costumeira conversa entre pessoas e grupos, há os canais (que é uma versão melhorada da linha de transmissão do WhatsApp) e os bots (que são robozinhos que automatizam algumas funções).

Um dos canais que sigo é o Filosofia Br, que quase diariamente postam frases de autores famosos. Ontem, dia 30 de março, foi postada essa frase e algumas lembranças me vieram a mente sobre o poder do não.

Quando morava com meus irmãos e eu, algumas vezes eles me disseram, quando algumas oportunidades apareceram, que o “não” já era uma resposta certa e não custava nada correr atrás do sim. Essa é uma das transformações que podemos encontrar em nossa caminhada.

Contudo, outra transformação, e uma das principais de acordo com o que acredito, é quando aprendemos a falar não para as pessoas. Talvez em um primeiro momento não seja a tarefa mais fácil de se submeter. Se, assim como eu, você sempre disse “sim” para as pessoas e, por conta disso, acabou se complicando depois, será algo difícil.

Um dos “não” mais difíceis que tive que lidar recentemente foi quando abri mão de algumas aulas. Até o ano passado, 2019, cada ano que sucedia, eu aceitava mais turmas para lecionar, totalizando 18 o máximo que consegui. Neste mesmo ano, iniciei com 18 e terminei com 17. O número pode assustar alguns e outros não, pois conheço professores com bem mais turmas, porém a carga horária era o mais complicado.

Eram 6 turmas de Educação Infantil com pouco mais de 1 hora semanal; 11 de Ensino Fundamental I com 2 horas semanais; e uma turma de Ensino Médio, que depois outra professora pegou com pouco mais de 3 horas semanais.

Financeiramente eu estava indo muito bem. Cada vez mais meu salário aumentava, mas minha saúde mental e física não. Cada dia que passava, o estresse e preocupação, principalmente em épocas de provas, desgastavam a pouca sanidade que tinha, além de quinzenalmente frequentar as aulas da pós-graduação que, até hoje, não entendo como comecei em 2018.

“O não é a única coisa efetivamente transformadora” é o que está nessa frase final de Saramago. Apesar da crise viral que estamos enfrentando em 2020, garanto que meu psicológico e emocional estão muito mais leves, e também tenho tido mais liberdade para cuidar da minha saúde física, devido a um “não” que precisei dar para escola sobre aceitar algumas turmas (mesmo que isso tenha custado uma baixa na minha renda). Agradeço a Deus pela vida da coordenação que entendeu meu lado, pois expliquei o motivo, e foram auxiliadores neste processo de recuperação que tenho passado.

Sejam para coisas simples do dia-a-dia, como também para as mais complicadas, como uma oferta de trabalho, por exemplo, nunca é tarde para saber dizer “não”. Embora algumas pessoas se magoem com isso, é necessário colocar na balança se você realmente dará conta de lidar com o que te espera e, no fim, não ser prejudicado.

Seja sábio(a) ao dizer “não”. Lembre-se que nem todo momento exige o “não”, mas às vezes um “sim”.

Uma última coisa antes que eu saia
Eu nunca quis mais do que eu poderia caber na minha cabeça
Ainda me lembro de cada palavra que você disse
E todas as besteiras que, de qualquer maneira, vieram junto com isso
Ainda existe uma coisa que me conforta
Pois antes era preso e agora sou livre

Oi! Eu sou o Aloísio Júnior, tenho 26 anos e sou professor de Inglês para Educação Infantil e Fundamental I.

Escrevo nos blogs Construindo Uma Memória e Building A Memory. Além de acompanhar eles, você pode receber os textos deles pelo canal do Telegram.

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Written by Aloísio Junior

Cristão, casado, Consultor Pedagógico e professor de Inglês. 31.

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